Como funciona a Propulsão Eletromagnética.
Muito foi dito no ano de 2015 sobre propulsão EM (o famoso EM Drive), principalmente, sobre suas propriedades polêmicas – dividindo a comunidade científica sobre a viabilidade de tal dispositivo.
A história da propulsão EM iniciou-se em 2001 quando uma pequena empresa do Reino Unido Satellite Propulsion Research Ltd (SPR) publicou seus testes com a tecnologia. Estes foram vistos com extremo ceticismo, uma vez que a violação da terceira lei de newton era evidente nos resultados publicados. A terceira lei de newton diz que toda ação possui uma reação igual e oposta – este novo método de propulsão não possuía uma reação clara.
Entretanto, a descoberta criou interesse de muitos ao redor do mundo, culminando em novos testes de estudiosos e cientistas e finalmente de grandes corporações, incluindo a NASA. Hoje sabemos que os resultados iniciais propostos podem ser simulados em ambientes controlados (existem vários experimentos publicados até mesmo no Youtube).
Atualmente o conhecimento do funcionamento deste dispositivo ainda é pequeno, mas a pesquisa está sendo levada à sério.A aplicação desta tecnologia pode criar uma nova era de exploração espacial e mais grandes avanços na forma como construímos meios de transporte aqui ‘pelo chão’ também.
Para entendermos melhor a diferença nas tecnologias, visualizemos como a propulsão convencional (por combustão) funciona, seguida dos dados deste novo formato.
Propulsão por combustão
No formato por combustão, geramos propulsão através da queima de um combustível a expelindo gases na direção oposta à que o objeto deverá se mover. Utilizando a turbina de um avião como exemplo:
- À esquerda, temos a entrada de ar facilitada pelo impulsor.
- Na câmara de combustão, o ar (mais especificamente, o oxigênio) é misturado ao combustível e ocorre a queima.
- Os gases resultantes desta queima são expelidos pelo bocal, gerando a propulsão do avião na direção oposta à da saída dos gases.
A tecnologia utilizada em foguetes espaciais é a mesma, a diferença, é que como não existe oxigênio no espaço, os foguetes levam seu próprio ‘estoque’.
Propulsão Eletromagnética (EM Propulsion)
A propulsão EM quebra as regras indicadas na seção anterior. A tecnologia não tem uma reação específica e não expele qualquer tipo de material ou substância que justifique a propulsão do objeto em alguma direção, ou seja, a geração de movimento.
De forma simples, a tecnologia funciona através da transformação de eletricidade em micro-ondas em direção à cavidade cônica do dispositivo empurrando-o na direção oposta. Não há necessidade de combustíveis além de uma entrada de energia elétrica, problema solucionado com baterias e energia solar.
A NASA conduziu uma série de experimentos no ano de 2015, inclusive, em vácuo total. O dispositivo ainda está em estudos.
O incrível neste dispositivo é que ele pode possibilitar a geração contínua de propulsão, ou seja, poderemos acelerar continuamente naves e sondas pelo espaço encurtando dramaticamente o tempo das viagens estelares.
Estima-se que, com uma visão conservadora, utilizando propulsão EM possamos executar uma missão à marte em 8 meses, considerando ida, retorno e 70 dias de estadia. Em contraste, utilizando tecnologia convencional, uma operação levaria um mínimo de 36 meses – 6 meses na viagem de ida, 6 meses no retorno e 18 meses de estadia, pois, para retornar, dependemos do alinhamento planetário.
Seriam 4 horas até a lua!
Esta tecnologia poderá possibilitar a observação e, quem sabe, visita de novos locais fora de nosso sistema solar!
Muito bom este artigo. Parabéns por divulgar aqui assuntos tão interessantes como este. Sou professor de Física (Ensino Médio) e vejo uma certa dificuldade para encontrar artigos bem elaborados sobre estes temas em sites nacionais.
A propósoto do artigo, recentemente li um artigo mostrando que os cientistas já teriam uma possível explicação para o empuxo gerado, sem violar a Lei de ação e reação (3ª Lei de Newton), pois na verdade são expelidos fótons para trás, que provocam a reação para a frente.
Mas como eles não foram detectados antes?
É que eles sairiam aos pares, e em oposições de fases, assim, um deixaria o outro “invisível”. Veja: são teorias por enquanto, ok.
http://www.sciencealert.com/new-paper-claims-that-the-em-drive-doesn-t-defy-newton-s-3rd-law-after-all
Vou ficar acompanhando de perto estas descobertas. É fascinante pensar que poderíamos chegar a Marte em 70 dias.
Abraço.