Desde o seu lançamento em 1999, mais de 250 astronautas já chamaram a Estação Espacial Internacional, conhecida como ISS, de lar. Do espaço, astronautas de diversos países conduzem pesquisas que nos ajudam a entender e resolver problemas aqui na Terra, desde descobrir maneiras de lidar com as mudanças climáticas até avançar na medicina.
Neste artigo do Papo Astronômico você vai entender:
- Como a Estação Espacial Internacional foi construída?
- Qual é o tamanho da Estação Espacial Internacional?
- Qual é a altitude da ISS?
- Quem é o dono da ISS?
- Quão rápido a Estação Espacial Internacional está se movendo?
- Como os astronautas chegam à ISS?
- O que os astronautas fazem lá?
- Qual será o futuro da ISS?
Como a Estação Espacial Internacional foi construída?
Tudo começou com o lançamento de várias estações espaciais modulares, como a Skylab dos EUA e a estação espacial Mir da União Soviética. Até que em 1993, os Estados Unidos e a Rússia assinaram um acordo para colaborar na construção da ISS, marcando o início oficial do projeto. Logo outros países se juntaram a eles, incluindo Canadá, Japão e vários países europeus.
Posteriormente, os engenheiros e astronautas montaram a Estação Espacial Internacional no espaço, peça por peça, utilizando a robótica e caminhadas espaciais. A maioria das missões usou o ônibus espacial da NASA para transportar as peças mais pesadas, embora alguns módulos individuais tenham sido lançados em foguetes descartáveis.
Durante o período inicial da montagem da estação, o módulo Zarya, lançado pelos russos em 20 de novembro de 1998, em um foguete Proton, forneceu eletricidade, armazenamento, propulsão, comunicação, orientação e estabilidade à ISS.
Duas semanas depois, o voo do ônibus espacial STS-88 lançou o módulo NASA Unity/Node 1. Nessa ocasião, os astronautas realizaram caminhadas espaciais para conectar as duas partes da estação; mais tarde, outras peças da estação foram lançadas em foguetes ou no compartimento de carga do ônibus espacial.
Alguns dos outros módulos e componentes principais da ISS incluem:
- A treliça, as eclusas de ar e os painéis solares (lançados em etapas ao longo da vida da ISS; os adaptadores de acoplamento foram lançados em 2017 para novas espaçonaves comerciais)
- Zvezda (Rússia; lançado em 2000)
- Módulo Laboratório Destiny (NASA; lançado em 2001)
- Braço robótico Canadarm2 (CSA; lançado em 2001). Foi originalmente usado apenas para caminhadas espaciais e reparos controlados remotamente. Hoje também é usado regularmente para atracar naves espaciais de carga na estação espacial – naves espaciais que não podem usar outros portos.
- Harmony/Node 2 (NASA; lançado em 2007)
- Instalação orbital Columbus (ESA; lançada em 2008)
- Mão robótica Dextre (CSA; lançada em 2008)
- Módulo Experimental Japonês ou Kibo (lançado em etapas entre 2008-09)
- Janela Cupola e Tranquility/Node 3 (lançada em 2010)
- Módulo Multiuso Permanente Leonardo (ESA; lançado para residência permanente em 201, embora tenha sido usado antes para trazer carga de e para a estação)
- Módulo de atividade expansível Bigelow (módulo privado lançado em 2016)
- NanoRacks Bishop Airlock (lançado em 2020)
- Nauka, Módulo Laboratório Multiuso (lançado em 2021)
- Prichal, um módulo de acoplamento russo (lançado em 2021)
Durante todas as missões de montagem, os astronautas realizaram caminhadas espaciais para conectar os módulos e instalar equipamentos. Finalmente, em 2011, eles concluíram a montagem principal da ISS, tornando-a a maior estrutura já colocada em órbita.
Qual é o tamanho da Estação Espacial Internacional?
O tamanho da Estação Espacial Internacional é de 109 metros de uma ponta a outra, enquanto seu peso é de 419.725 kg, sem as naves acopladas. Ela também possui painéis solares gigantescos que cobrem uma área de mais de 4 mil metros quadrados.
Na área habitável da ISS os astronautas usufruem de 387 metros cúbicos que incluem sete dormitórios, dois banheiros, uma academia e a famosa cúpula – uma janela com visão de 360 graus com vista para a Terra.
Qual é a altitude da ISS?
A Estação Espacial orbita a Terra a uma altitude de aproximadamente 402 quilômetros, e esse caminho que ela percorre passa por quase toda a área povoada do nosso planeta.
Por causa dos seus gigantescos painéis solares, a ISS pode ser vista a olho nú, se o céu não estiver nublado. A melhor hora para vê-la é um pouco antes ou depois do nascer ou pôr do sol, enquanto ela reflete os raios solares de sua órbita.
À noite, a ISS é visível da Terra, como um ponto luminoso de luz em movimento que compete com o brilhante planeta Vênus. Ao contrário de um avião, a ISS não tem luzes piscantes e ela viaja em linha reta.
Você pode rastrear o caminho da estação espacial passando sob sua cidade em spotthestation.nasa.gov
Quem é o dono da Estação Espacial Internacional?
A ISS não pertence a uma única nação, pois, como seu próprio nome sugere, é internacional. Este “programa cooperativo” envolve contribuições de 15 nações. As principais nações parceiras da estação espacial são os Estados Unidos (NASA), Rússia (Roscosmos) e a Agência Espacial Europeia, pois elas contribuem com a maior parte do financiamento; outras nações parceiras incluem a Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial e a Agência Espacial Canadense.
As agências espaciais reservam o tempo dos astronautas e de pesquisa na estação espacial de acordo com a quantidade de dinheiro ou recursos (como módulos ou robótica) que contribuem.
No entanto, através de uma empresa privada chamada Axiom Space, astronautas privados também começaram a trabalhar na estação espacial; além disso, astronautas de outras nações, como os Emirados Árabes Unidos, também podem usar a ISS.
Quão rápido a ISS está se movendo?
A ISS se move a 28.000 km/h e leva apenas 90 minutos para completar cada órbita ao redor da Terra. Para se ter uma ideia do quão rápido isso é, pense nos aviões comerciais, eles viajam a cerca de 965 km/h. Em termos de quilometragem, com apenas um dia a estação espacial percorre a mesma distância que levaria para ir da Terra à Lua e voltar.
Como os astronautas chegam à Estação Espacial Internacional?
Os astronautas viajam para a estação espacial através da cápsula Crew Dragon, da SpaceX. Ou, no caso dos cosmonautas russos, uma cápsula russa Soyuz.
Mas nem sempre foi assim, depois que o programa de ônibus espaciais da NASA foi aposentado em 2011, a Soyuz foi o principal meio de transporte para a ISS. As coisas só mudaram quando a Crew Dragon começou a transportar pessoas, a partir da missão Demo-2 lançada em 30 de maio de 2020.
Atualmente o Starliner da Boeing também está se preparando para enviar humanos à ISS, depois de seu bem-sucedido teste de voo orbital não tripulado 2 (OFT-2) em 2022.
Normalmente há uma tripulação internacional de sete pessoas que vivem e trabalham dentro da ISS. Porém, durante a troca de tripulantes, esse número pode variar; por exemplo, em 2009, 13 tripulantes visitaram a ISS. Este também é o recorde de maior número de pessoas no espaço ao mesmo tempo.
O que os astronautas fazem lá?
Após chegarem à estação, os astronautas iniciam missões que duram cerca de seis meses, conduzindo uma variedade de experimentos científicos e realizando tarefas de manutenção e reparo na ISS. Além disso, eles se dedicam a exercícios físicos e cuidados pessoais por pelo menos duas horas diárias, essenciais para reduzir os efeitos da microgravidade no corpo humano.
Os astronautas vivem em quartos com pequenos beliches, onde podem dormir amarrados à parede ou flutuar livremente, conforme sua preferência. As tripulações temporárias que visitam a estação por apenas alguns dias podem dormir em suas naves espaciais ou em espaços vagos na estação, desde que estejam bem amarradas para evitar flutuações no espaço.
Além disso, eles têm muito tempo livre e participam de uma série de atividades não relacionadas à pesquisa. Por exemplo, em 2013, o astronauta canadense Chris Hadfield gravou-se tocando e cantando uma versão da música Space Oddity de David Bowie, que foi vista quase 49 milhões de vezes no YouTube.
Os astronautas regularmente compartilham histórias e fotos através das redes sociais, mantendo contato com os observadores do espaço lá em baixo. Eles também participam de sessões educativas por vídeo, discutindo ciência e espaço com alunos de escolas de todo o mundo.
A tripulação da ISS faz três refeições por dia e alguns dos alimentos que eles consomem não diferem daqueles que consomem em casa. Frutas e brownies, por exemplo, também estão disponíveis em suas formas naturais. Só que outros alimentos são armazenados secos e precisam ser misturados com água antes de serem cozidos; lembrando que há forno na ISS, mas não há geladeiras.
Qual será o futuro da ISS?
Como você viu, a Estação Espacial Internacional conduz pesquisas que podem melhorar a vida aqui na Terra, e também é fundamental para que os humanos explorem outros destinos do sistema solar, como a Lua ou Marte. Mas qual será o futuro da ISS?
Em julho de 2022, a Rússia anunciou que se retiraria da ISS após 2024. Seus objetivos, segundo a Roscosmos, são construir uma nova Estação Espacial Orbital Russa por volta de 2028. No entanto, a ISS não pode ser separada em seções independentes da Rússia e dos Estados Unidos, pois o complexo é interdependente. Apesar disso, a retirada será gradual e os parceiros internacionais estão em discussões sobre a transição.
Atualmente a NASA fornece energia para a estação, enquanto os russos controlam as principais manobras de propulsão. De tal forma que a ISS exige tais manobras para evitar cair na atmosfera da Terra e evitar detritos espaciais orbitais.
Por falar nisso, em novembro de 2021, a Rússia conduziu um teste de míssil anti-satélite, o qual fez com que destroços se aproximassem da órbita da ISS, exigindo que as tripulações se abrigassem no local; na época, a agência espacial americana não gostou nem um pouco dessa situação.
Nesse meio tempo, a NASA aprovou uma extensão até 2030, embora a Rússia continue a dizer que vai se retirar antes do prazo. Visto que ainda não foi determinado como a estação funcionará após a partida da Rússia, os planos para a ISS também não estão claramente definidos. Seja como for, no futuro a Estação Espacial Internacional pode ser desorbitada ou reciclada para futuras estações espaciais comerciais em órbita.