Se os astronautas pousassem no planeta Marte há cerca de 3,8 bilhões de anos atrás, eles iriam se deparar com um ambiente quente e úmido. Seria possível observar lagos, rios e oceanos assim como os que possuem na Terra.
Hoje o ar de Marte é composto em grande parte por dióxido de carbono, e é tão rarefeito que sua pressão é de menos de 1% da encontrada na superfície terrestre. O planeta de hoje é um ambiente frio, seco e desértico. A atmosfera é fina. E também não é capaz de sustentar água liquida em sua superfície, pois devido à baixa pressão e frio extremo, marte só consegue abrigar água em estado sólido ou gasoso.
Mas, como é possível reconstruir o passado marciano?
Há dois anos atrás os cientistas já suspeitavam da ocorrência de alguma catástrofe no ambiente marciano. Conforme dados enviados pelo jipe-robô Curiosity, eles acreditavam que Marte havia sofrido uma espécie de desligamento de seus campos magnéticos, tornando se assim vulnerável aos ventos solares.
Mas foi em Novembro de 2014 que a sonda MAVEN partiu para as áreas marcianas com o objetivo de explorar sua atmosfera. Então a sonda observou uma erupção solar e colheu dados que mais tarde foram analisados por um grupo da Universidade de Colorado. Estes dados mostraram que os ventos solares produziram uma rotação do campo magnético capaz de arrancar filamentos de partículas carregadas (íons). O campo magnético em movimento consegue gerar um campo elétrico na direção superior, isso faz com que o gelo planetário se mova e escape de Marte. A maior parte da remoção pelo vento solar em Marte ocorreu bem no início do sistema solar, quando o Sol era mais ativo e o vento solar mais agressivo. Hoje a perda em marte é baixa, cerca de 100 gramas por segundo.
Teremos o mesmo destino?
Considerando que os ventos solares atingem todos os planetas do nosso sistema solar, muitos poderão temer sobre o futuro do planeta Terra. É verdade que estamos perdendo partículas atmosféricas, mas é importante reconhecer que a Terra possui um campo magnético global forte, e que o campo magnético protege em grande parte sua atmosfera dos impactos diretos da energia solar.
“Entender o que aconteceu com a atmosfera de Marte irá nos esclarecer a dinâmica e a evolução de qualquer atmosfera planetária. Entender o que pode causar mudanças no ambiente de um planeta, de um que pode abrigar micróbios na superfície para um que não pode, é importante de conhecer, e uma questão central no que está sendo esclarecida pela jornada da NASA à Marte.” – Afirmou John Grunsfeld, astronauta e administrador associado do Diretório de Missões Científicas da NASA.